Felipe morava em um apartamento no mesmo corredor que Jéssica. Chegaram em casa à noite já cansados, mas ambos iam receber visitas.
O namorado de Jéssica estava chegando e ela queria fazer um bolo de laranja. Felipe ia receber a amiga e queria fazer um suco de laranja.
Mas nem Felipe, nem Jéssica tinham laranja em casa e já era tarde da noite, sem mercado aberto.
Os dois lembraram que Pedro, morador do mesmo andar, é vegetariano e pensaram: Pedro deve ter laranjas, tem sempre fruta na casa dele.
Jéssica saiu correndo do seu apartamento e Felipe também. Chegaram juntos na porta do Pedro, quase bateram de frente um com o outro.
Sem muita conversa tocaram a campainha. Jéssica falou primeiro:
Pedro, tem duas laranjas pra me dar?
Antes de Pedro responder Felipe quase que gritou:
Pra mim também!
Pedro respirou e respondeu:
Só tenho uma laranja
Jéssica disse: Então é minha
Felipe até pensou em deixar Jéssica levar a laranja, mas a forma como ela se impôs, egoísta, cativou a competitividade nele, que retrucou:
Eu também quero!
Começou a briga pela laranja na frente do Pedro, que sem ver um desfecho bom para o conflito resolveu cortar a laranja ao meio, deu um pedaço para cada e um “boa noite bem dado”.
Jéssica foi para casa com metade da laranja e fez um bolo, que ficou com gosto de farinha e sem gosto de laranja.
Felipe foi para casa com a outra metade e fez um suco. Um suco aguado e sem sabor de laranja.
O ponto interessante dessa história é que a receita do bolo de laranja da Jéssica pedia para usar a casca da laranja, e o suco do Felipe pedia para usar a polpa.
Se por um momento soubessem a necessidade um do outro poderiam dividir a laranja de uma forma diferente. A casca para Jéssica e a polpa para Felipe.
Dentro do conflito precisamos de um esforço extra para sairmos do automático para criarmos perguntas mais elaboradas que podem trazer um melhor desfecho.

